quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

"A Paixão Segundo GH" - Clarice Lispector

"Sentir este gosto do nada estava sendo minha danação e meu alegre terror"

'Despaixonizei-me

Se existe 'despaixonização', acho que peguei. Será que é uma doença? Não sei.. Todos aqueles momentos em que sentia-me envergonhada por simples palavras ou o arrepio ao ouvir sua voz, passaram. Sinto-me um pouco vazia, mas não é da mesma forma em que estava apaixonada sem resposta, é um sentimento bom, como se houvesse me livrado de algo... Não um peso, claro, pois amar nunca é (ou deveria ser) um peso, mas livrado-me de outra coisa, aberto uma nova vaga em meus sentimentos para algum outro chegar e ocupá-la. Como pode ser? Se eu, com a instrução que acho necessária não entendo. Talvez essa 'despaixonização' seja algo novo até para mim, e é ótimo. Agora ouvir à aquela voz, escutar aquelas palavras não mais deixam minhas pernas bambas, nenhum calafrio passa pela minha espinha. São apenas palavras. É apenas uma voz. Palavras na voz de um querido amigo.




Muito obrigada!

Em quatro dias...

estaremos chorando por que um dos melhores dias da nossa vida será daqui aproximadamente 96 horas. Vamos nos abraçar e gritar "VIVA HUMBÃO 2010!" olharão para nós assustados e pensarão - "Nossa, que medo delas." Mas o que importa é que estaremos felizes com uma de nossas metas alcançadas. Depois cada um irá para sua classe, ainda com um sorriso largo estampado no rosto, conheceremos novos colegas, professores, matérias, enfim, conheceremos tudo o que há de novo. O ultimo sinal baterá, iremos cada um para sua casa. Lá encontraremos nossos pais e contaremos como foi o tão esperado primeiro dia de aula.


Giulia Scomparin


Muito obrigada, Nê! Com toda certeza será um dos nossos melhores dias.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

"O Processo" - Franz Kafka

"Via-se ainda literalmente a mão higienizadora que havia passado pelo canto dos olhos, esfregado os labios superiores e raspado as dobras dos seus queixos."



Postarei também algumas frases de certos livros que leio.. como este (a) aqui!

Primeira vez....

O primeiro dia no colégio
O primeiro teste
O primeiro amor
O primeiro beijo
O primeiro namorado

A primeira aliança
A primeira grande escolha
A primeira entrevista
A primeira carreira
A primeira vaga

O primeiro chefe
O primeiro colega
O primeiro (e talvez não unico) marido
O primeiro pedido
O primeiro grande dia

São tantos 'primeiros (as)' que se fossemos contá-los esta lista não passaria de um lide...


terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Repetidas Vezes

E a esperou horas a fio sem êxito. No dia seguinte voltou ao mesmo banco surrado, sujo de barro daquela estação. Não havia o que temer, ela chegaria a qualquer instante. Sentiu o amargo da angustia enquanto lá mantinha-se sentado. A fome o acertou. Para que não perdesse seu lugar deixou que ela passasse. Meia noite, voltou para casa.
Eram quatro horas da manhã, ainda limpavam os trilhos do trem que há de trazê-la, e Chico já estava sentado no mesmo banco surrado, que por sua vez não mais sujo de barro como antes, pois a chuva o limpara havia algumas horas.
Um pombo pousou ao seu lado, tentou mandá-lo embora, mas refletiu e achou melhor ter uma companhia enquanto esperava por ela. Trouxe um lanche, o comeu. Sentiu-se, porém, insaciado. Na verdade sentiu-se vazio, vazio como um poço que há anos não recebe uma gota d'água. A esperança de "puxar seu balde cheio" após tanto tempo de espera não se esvaiu.
Pensou em sair dali e nunca mais voltar, pensou também que a trairia se o fizesse, pois prometera que ali estaria sentado quando quer esta voltasse.
Mais um dia passara, outro, mais outro... Meses passaram-se. Todo dia o mesmo ritual. Acordava às três e meia da manhã preparava um lanche, trocava-se e corria para o mesmo banco surrado, muitas vezes sujo de barro.
Por alguns anos ainda teve a companhia do pombo que um dia tentou espantar.Ficavam lá, ele e o pombo, horas e horas aguardando-na. O pombo um dia, porém, não apareceu. Chico o esperou horas e horas a fio sem êxito. No dia seguinte voltou ao mesmo banco surrado, sujo de barro daquela estação. Não havia o que temer, ele chegaria a qualquer instante...



Texto um tanto quanto baseado em "O Processo" de Franz Kafka.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Da Janela

Simples garoto era Paulo. Vivia humildemente em uma casinha com seus pais. Era uma casa pequena, grandes janelas cobriam-na por quase totalidade, deixando apenas poucas áreas de parede com uma pintura amarelo pastel já desbotada.Seu José e dona Maria dormiam em seu pequeno quarto e Paulo dormia com seus cinco irmãos em um minúsculo quarto que, porém, ao seu ver, era o mais aconchegante possível.Em sua pequena casa existia também um terceiro andar, com suas gigantes janelas, era o mais iluminado de todos, e também o usado por dona maria para pendurar as roupas que demoravam a secar.
Paulo frequentou o colégio, brincou com seus irmão na rua.. até que com seus dezoito anos decidiu ser ator. Começou com pequenos monólogos em sua rua, apresentou para todos no bairro com a ajuda de seu irmão que trabalhava com cinegrafia. Passou a ser conhecido e chamado para apresentar-se em varios locais. Até que tornou-se famoso e começou a exagerar nas horas, mesmo sem a aprovação de seus pais.
Ganhou garotas, passou a tentar sair algumas noites, mas seus pais descobriram e redobraram a atenção.Trancavam todos os dias as janelas e porta da casa para que, desta vez, nenhum de seus filhos ao menos pensasse em sair.Paulo ficou exasperado com o fato de mesmo com fama e idade não poder badalar.Passou dias e mais dias pensando em uma forma de convencê-los, ou de apenas fugir e voltar na madrugada.Considerou o fato de o ultimo andar da casa ser apenas habitado pela mãe e provavelmente as janelas não estarem trancadas. Dito e feito. Ao tentar abri-la a janela cedeu e dos trilhos moveu-se.
Na manhã seguinte dona Maria acordou com policiais em sua porta. Correu para fora para descobrir o que havia acontecido e ao olhar ao lado da casa lá estava Paulo jogado, ensanguentado, sem vida, morto. Dona Maria sem reação calou-se, seus filhos, da janela viram o irmão, seu marido, do quarto, sentiu o vazio do silêncio como nunca sentira.Todos puseram-se a chorar da forma mais acanhada possivel. Seu José, enxugando as lágrimas, sua esposa, com o rosto apertado contra as mãos, seus filhos consolando-se apenas pelo o que não acreditavam estar acontecendo. O corpo foi levado, seus irmãos puseram-se a chorar violentamente, o pai desceu as escadas e viu seu filho sendo carregado para dentro do furgão, e dona Maria assinou o atestado de óbito de seu filho mais velho.


A quem não tive tempo o bastante para conhecer.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Distante

Essa distancia esvazia-me, faz-me triste. A cada dia que passa mais presente tu ficas em minha mente. Sonhos, comentários... Tudo só sobre ti. Paginas e mais paginas escritas, desenhadas, decoradas, corações, poemas as enchem de forma inimaginável. Mas tu não estás aqui por perto, bem longe estás, aliás. Tudo não passa de algo passageiro, pode-se dizer. Algo passageiro que há cinco anos não passa.
Tuas fotos guardei, junto com as paginas que tenho sobre ti, em uma pequena caixa de sapatos lacrada, selada com o mais infantil sonho: Ter-te por perto. Lá guardei também conversas, pensamentos...Tudo só sobre ti. Sobre o que sinto pouco sei. Sei que vermelha fico quando te vejo, no maior conforto estou quando abraço-te, minha mente contorce-se para gravar cada palavra, gesto, sorriso teu. Sutil tento ser, mas não há como esconder. Em como ajo já reparastes e assim te afastastes. "Não te afaste de mim" é o que tentei dizer neste tempo de convivência, todavia não foi o bastante. E vazia deixou-me quando partiste naquele instante.