sábado, 16 de janeiro de 2010

Da Janela

Simples garoto era Paulo. Vivia humildemente em uma casinha com seus pais. Era uma casa pequena, grandes janelas cobriam-na por quase totalidade, deixando apenas poucas áreas de parede com uma pintura amarelo pastel já desbotada.Seu José e dona Maria dormiam em seu pequeno quarto e Paulo dormia com seus cinco irmãos em um minúsculo quarto que, porém, ao seu ver, era o mais aconchegante possível.Em sua pequena casa existia também um terceiro andar, com suas gigantes janelas, era o mais iluminado de todos, e também o usado por dona maria para pendurar as roupas que demoravam a secar.
Paulo frequentou o colégio, brincou com seus irmão na rua.. até que com seus dezoito anos decidiu ser ator. Começou com pequenos monólogos em sua rua, apresentou para todos no bairro com a ajuda de seu irmão que trabalhava com cinegrafia. Passou a ser conhecido e chamado para apresentar-se em varios locais. Até que tornou-se famoso e começou a exagerar nas horas, mesmo sem a aprovação de seus pais.
Ganhou garotas, passou a tentar sair algumas noites, mas seus pais descobriram e redobraram a atenção.Trancavam todos os dias as janelas e porta da casa para que, desta vez, nenhum de seus filhos ao menos pensasse em sair.Paulo ficou exasperado com o fato de mesmo com fama e idade não poder badalar.Passou dias e mais dias pensando em uma forma de convencê-los, ou de apenas fugir e voltar na madrugada.Considerou o fato de o ultimo andar da casa ser apenas habitado pela mãe e provavelmente as janelas não estarem trancadas. Dito e feito. Ao tentar abri-la a janela cedeu e dos trilhos moveu-se.
Na manhã seguinte dona Maria acordou com policiais em sua porta. Correu para fora para descobrir o que havia acontecido e ao olhar ao lado da casa lá estava Paulo jogado, ensanguentado, sem vida, morto. Dona Maria sem reação calou-se, seus filhos, da janela viram o irmão, seu marido, do quarto, sentiu o vazio do silêncio como nunca sentira.Todos puseram-se a chorar da forma mais acanhada possivel. Seu José, enxugando as lágrimas, sua esposa, com o rosto apertado contra as mãos, seus filhos consolando-se apenas pelo o que não acreditavam estar acontecendo. O corpo foi levado, seus irmãos puseram-se a chorar violentamente, o pai desceu as escadas e viu seu filho sendo carregado para dentro do furgão, e dona Maria assinou o atestado de óbito de seu filho mais velho.


A quem não tive tempo o bastante para conhecer.

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